Saúde
Mais de 100 pessoas estão na fila de espera para transplante de rim em Rondônia
Quase 250 pessoas esperam por transplante de córneas. Associação denuncia que estado está a cerca de dois anos sem transplantes renais; Sesau nega.
Estão na fila de espera para transplante de rim 103 moradores do estado. E quase 250 aguardam por córneas, segundo dados da Central Estadual de Transplante de Rondônia (CET-RO).
Conforme relatos do presidente da Associação Rondoniense de Renais Crônicos Transplantados (ARRCT-RO), Jonas Cavalcante, já faz dois anos que não há operações de transplantes renais no estado.
“Tá faltando exames básicos, a equipe está totalmente desfalcada. Em reunião com essa equipe transplantadora falaram em descredenciamento à Central de Transplante. Não sabem a dificuldade que teve, a gente foi várias vezes em Brasília pra conseguir esse procedimento. Paralisado esse serviço têm muitas pessoas que não têm condições de viajar para outros centros transplantadores e eles estão praticamente desestimulados”, disse.
Em nota a Secretaria do Estado de Saúde (Sesau), negou a falta no procedimento e informou que este ano houve a realização de transplantes antes da pandemia em Rondônia.
Em Rondônia, os transplantes são feitos no Hospital de Base de Porto Velho. Atualmente, o estado só é habilitado para promover cirurgias de transplante de rim e córnea. Os demais são feitos por indicação médica e encaminhados para outras unidades da federação. A CET-RO credencia a equipe e supervisiona o serviço.
O estado também possui ambulatórios que funcionam para acompanhar do pré ao pós-cirurgia dos pacientes. E ainda está em fase de implementação um ambulatório de doenças cardíacas.
Além dos impasses do serviço e da longa espera na fila, para o professor e médico nefrologista Gustavo Herdoiza, outro grande desafio enfrentado pelo paciente que necessita de transplante de rim é a desinformação e medo da família.
“A dificuldade maior para o doador vivo, é que quase sempre quando o paciente é comunicado que precisa do transplante, alguns familiares saem em desfalcada, tem pavor”, contou o médico.
Por outro lado, no doador falecido o grande impasse que faz com que as famílias não autorizem o procedimento é a falta de conhecimento.
Para o médico há mitos relacionados a como o corpo do doador será entregue à família, porém após a retirada dos órgãos ou tecidos, a equipe faz todo o procedimento para que o corpo seja entregue íntegro para que as cerimônias de despedida possam ser realizadas normalmente.
Como se tornar um doador?
O interessado em se tornar doador de órgãos deve contar à família e deixar claro o seu desejo antes da morte. Já para doar em vida, é necessário ter a decisão registrada em cartório ou ter parentesco de até 4º grau com o paciente que será transplantado.
Vale destacar que uma só pessoa pode doar: córneas, coração, fígado, pulmão, rim, pâncreas, ossos e tendões, e pele. Para o vice presidente da ARRCT-RO, Tico Marinheiro, a conscientização para a doação deveria ser feita desde a infância.
“O Brasil não têm aquela cultura da doação espontânea. Eu até sugiro que já poderia se falar lá no ensino fundamental sobre a importância da doação de órgãos. Eu fui salvo por um transplante. Eu estava no pé da cova e estou aqui vivo. Estou com menos de três anos de transplante de fígado proveniente de uma hepatite autoimune, uma cirrose crônica, mas um doador de apenas 17 anos, do Mato Grosso do Sul, a família autorizou e eu estou aqui levando ele, porque quem doa vive mais e ele tá vivendo em mim. O transplante é o único procedimento médico que depende da generosidade dos outros”, contou.
A doação de órgãos foi estabelecida no Brasil em 1997 com o conceito de “doação presumida”, ou seja, todos eram considerados potenciais doadores se tivessem a observação “doador de órgãos e tecidos” escrito nos documentos de identidades. Esse conceito foi alterado em 2001 e passou a vigorar a “doação consentida”, isto é, a doação em caso de morte só pode ser feita mediante a autorização da família.
Pela lei, existem dois tipos de potenciais doadores, o doador vivo e o doador falecido. O primeiro corresponde aos parentes de até quarto grau e cônjuges, além de não parentes com autorização judicial. O doador vivo pode doar um dos rins, parte do fígado, parte do pulmão ou parte da medula óssea.
Equipe realizando transplante — Foto: Reprodução/ TV Globo
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